– INFORMAÇÕES GERAIS –
Durante dois dias, 1 e 2 de dezembro de 2017, o Centro de Eventos da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), em Porto Alegre/RS, foi palco desta inédita realização. Foram mais de 30 cervejarias nacionais e latino-americanas, food trucks e muita música, com várias bandas e outras atrações animando o público.
Segundo Fabrício Scalco, da Scalco Produções, realizadora do evento, também fundador e editor da Revista da Cerveja, havia a percepção da necessidade de criar um grande encontro em Porto Alegre/RS de projeção nacional. Ele argumenta que o estado e sua capital têm a maior quantidade de cervejarias proporcionalmente ao número de habitantes e que havia essa lacuna. Tendo como uma das preocupações ir além das cervejarias, o festival apresentou uma série de atrações, como o Seminário Sebrae-RS de Gestão para Cervejarias, o Encontro de Colecionáveis Cervejeiros, e os estandes de fornecedores de equipamentos e insumos cervejeiros no local.
MICROS E MERCADOS
Parceiro do festival, o Sebrae-RS realizou o seminário de Gestão para Cervejarias Artesanais integrado ao evento, com várias palestras. Alinne Barcelos Bernd, química e auditora fiscal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento no Rio Grande do Sul (Mapa-RS), levou dados importantes para a palestra sobre mercado. Para ela, é fundamental a interação entre cervejeiros e o Mapa. “O fortalecimento dos sindicatos e das associações é muito importante para o meio (cervejeiro) em suas lutas, como legislações específicas.”
AÇÕES DO POLO SEBRAE
Humberto Fröhlich, sócio e cervejeiro da gaúcha Babel, é membro do comitê gestor do Polo Cervejeiro do Sebrae. Ele conta que, em 2017, o foco do comitê foi em acessos a mercados, participação em eventos e rodadas de negócios. Ele ressalta a parceria com a Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), visitas coordenadas a feiras nacionais importantes e promoção de eventos para integração de setores. “Em 2018, vamos intensificar essas ações, começar a visitar e prospectar mercados externos”, anuncia.
COLABORATIVAS COM A ARGENTINA
Emilia Vidal e Estefania Gaitero, da Cerveza Baum, dizem que, em Mar Del Plata, cidade onde moram, é um dos setores que mais cresce nos últimos cinco anos, com muitas pequenas fábricas surgindo nesse período. A cervejaria participou de uma brassagem com a cervejaria Farol, de Gramado/RS, para a produção de uma Fruit Beer, baseada em uma receita da Baum, Carnaval Al Mango. Mateus José da Silva, sócio e cervejeiro da Farol, diz que o objetivo da brassagem é “replicar o mais fielmente esta receita que a Baum produz há muito tempo, porém adaptada à nossa realidade”. Além dessa, foram mais duas colaborativas para o Sul-Americano: Zapata (RS) e Berlina (AR) produziram uma “Imperial Belgian Stout”, que chamaram El Cruce, e Landsberg (RS) e Crafter (AR) que brassaram uma IPA com abacaxi.
DIVERSIDADE HERMANA
Antes do evento, Blest e Zapata se encontraram para brassar a colaborativa Los Pueblos Hermanos, uma American Wheat Ale. produções conjuntas. Também estiveram no evento os responsáveis pelo Anuario Cervecero Sudamerica, Matias Diaz e Emilio Ghirard. Eles vieram para expandir contatos com o mercado e cervejarias brasileiras para a próxima edição de sua publicação, que também realiza o Festival de la Cosecha del Lupulo – El Lúpulo Al Palo, em Bolsón, na região da Patagônia, com mais de 500 cervejarias de todo o mundo para a colheita anual.
BRASSAGENS DIRETO DO EVENTO
Argentinos e brasileiros se uniram para mais uma brassagem colaborativa na sexta-feira, dia 1º, dessa vez durante o evento. A produção foi de uma Scotch Ale, receita da hermana Blest, no estande da Palenox (RS), utilizando seus equipamentos voltados aos homebrewers e com insumos cedidos pela WE Consultoria (RS). A empresa também garantiu insumos e equipamentos para o estande da Acerva Gaúcha, que esteve presente realizando a brassagem de uma American Amber Ale com single hop de Lemondrop. A associação conta hoje com 270 associados da Região Metropolitana de Porto Alegre e mais de 500 das Acervas regionais e esteve apresentando materiais e esclarecendo dúvidas dos cervejeiros iniciantes.
ENCONTRO DE RARIDADES
Uma das grandes atrações do festival, o 16º Encontro de Colecionáveis Cervejeiros reuniu cerca de 60 colecionadores no sábado – entre brasileiros e latino-americanos, incluindo um chinês e um alemão. Ronaldo Lague, tesoureiro do Tcherveja – Clube Gaúcho de Colecionáveis Cervejeiros e organizador do encontro, estava entusiasmado: “Além de conseguir realizar o nosso encontro este ano, foi uma inovação fazer ele dentro de um festival de cerveja. Lague também fez algumas considerações, observando que na Argentina os colecionadores têm itens diferentes e exóticos, como caminhõezinhos, escorredores de copo, latas tipo cofrinho, entre outros. “O clube só existe há três anos, é um dos mais jovens da América Latina. Achei lindo que se combine um evento de colecionadores com uma festa de cerveja artesanal, porque uma coisa complementa a outra”, diz.
PRESENÇA BRASILEIRA E OPORTUNIDADES
A Brasilata (SP-GO-RS), veio para prospectar novos clientes para os seus produtos, em especial as tampinhas personalizadas ploc off em pequenos lotes para os cervejeiros. Também interessado em business, a curitibana Bodebrown enviou seu analista comercial, Renan Duarte, para contatos, além de suas premiadas cervejas. Já para a Cervejaria Continente (RS), o objetivo é afirmar a identidade local e regional. Tanto que a sua produção está baseada na obra literária daquele que é considerado o maior escritor gaúcho, Erico Verissimo, conforme conta Leonardo Paredes, cervejeiro e fundador da Continente.
EM SINTONIA COM AS TENDÊNCIAS
Considerando interessante o formato sul-americano do festival, Daniel Toss, sócio da cervejaria Imaculada (RS), aposta que ele pode se tornar um grande evento internacional. Alinhada com o momento, a marca lançou uma Sour com framboesa. Também em sintonia com as tendências, a Leopoldina (RS) vem apostando nas cervejas de guarda, envelhecidas em barricas de carvalho francês. Para o seu diretor comercial Pablo Boeira, o público do festival foi seleto e conhecedor do assunto. Também da Serra Gaúcha, a Moocabier fez no festival o lançamento de sua Sepé, Strong Scotch Ale, além de reforçar a presença de sua tradicional Apoema, Double IPA. Adriano Tieze, comercial da Mooca, também acredita que um evento desta natureza seja ótimo para colher feedback dos produtos, além de expor a marca. Licete Martiny, gerente comercial da Urwald (RS), considerou o evento uma surpresa e uma porta aberta para o mercado, e com credibilidade por ser ligado à Revista da Cerveja. Sintetizando, Filipe de Paula, da Zapata (RS) – que baseia toda a sua produção em ícones latino-americanos –, afirma que o festival é uma semente que foi plantada na América Latina. “Quando veio essa proposta de ser latino-americano, de levar essa bandeira, entramos de cabeça na ideia”, conclui.